O Farol de Lubumbashi

domingo, 24 de agosto de 2014

Kama Sutra vai bem com

Sopa 
Sopa de pénis de touro

Prato principal
Pão recheado com alheira, chouriça em sangue e linguiça, com queijo cheddar a escorrer

Sobremesa
Morangos com chantilly

Bebida
Qualquer uma que tenha álcool

Música de acompanhamento

Palavras de Kama Sutra

Palavra que aprendi em Kama Sutra:

Auparishtaka: sexo oral.
Caramanchão: s.m. Construção tosca, de ripas ou estacas, geralmente recoberta de planta trepadeira, situada num parque ou jardim; o mesmo que caramanchel e camaranchão.
Ganika: mulher pública versada nas sessenta e quatro artes.
Lingam: Pénis.
Yoni: Vagina.

Expressões que abichanam um leitor em Kama Sutra

"Concluídos todos os afazeres do dia e passado o tempo em diversões agradáveis variadas, tais como lutas de codornizes, galos e carneiros..."
p. 32

"Não devem ser desfrutadas as seguintes mulheres:
»Uma leprosa
»Uma louca
»Uma mulher expulsa da casta
»Uma mulher que revela segredos
»Uma mulher que expressa publicamente desejo de relações sexuais
»Uma mulher excessivamente branca
»Uma mulher excessivamente escura
»Uma mulher malcheirosa
»Uma mulher que é parente próxima
»Uma mulher que é uma amiga
»Uma mulher que leva uma vida de asceta
»E, por fim, a esposa de um parente, dum amigo, dum brâmane instruído e do rei."
pp. 38-39

"De igual modo podem ser executados a cópula do cão, a cópula do bode, a cópula do veado, o violento montar do burro, a cópula do gato, o salto do tigre, o carregar do elefante, o roçar do varrasco e o montar do cavalo."
p. 68

"Quando um homem desfruta muitas mulheres ao mesmo tempo, chama-se «cópula da manada de vacas»."
p. 69

"O lugar próprio para o açoitar por prazer é o corpo e, no corpo, os pontos especiais são:
»Os ombros
»A cabeça
»O espaço entre os seios
»As costas
»O jaghana, ou parte central do corpo
»As ilhargas
»O açoitar é de quatro espécies:
»Com as costas da mão
»Com os dedos ligeiramente flectidos
»Com o punho
»Com a palma da mão
»Uma vez que causa dor, o açoitar dá origem ao som de beijar, que é de diversos tipos, e aos oito modos de chorar:
»O som Hin
»O som do trovão
»O som do arrulho
»O som do choro
»O som Phut
»O som Phât
»O som Sût
»O som Plât"
pp. 70-71

"Os actos a praticar pelo homem são:
»Fazer avançar
»Friccionar
»Perfurar
»Esfregar
»Pressionar
»Golpear
»O golpe do varrasco
»O golpe do touro
»A diversão do pardal"
pp. 75-76

Evitar as seguintes mulheres para casar:
"A que é mantida escondida
»A que tem um nome que soa mal
»A que tem o nariz deprimido
»A que tem as narinas voltadas para cima
»A que tem compleição masculina
»A que é curvada
»A que tem as coxas arqueadas
»A que tem a testa saliente
»A que tem a cabeça calva
»A que não aprecia a castidade
»A que foi manchada por outrem
»A que sofre de Gulma
»A que é desfigurada de algum modo
»A que atingiu plenamente a puberdade
»A que é amiga
»A que é irmã mais nova
»A que é uma Varshakari [que tem as palmas das mãos e plantas dos pés suadas]"
pp. 90-91

Kama Sutra agora a sério

O Kama Sutra de Vatsyayana é uma espécie de apontamentos Europa-América original de um texto bem mais antigo e bem mais extenso. Nandi é tido como o autor primordial, num documento que comportava mil capítulos. Shvetaketu resumiu as palavras de Nandi para quinhentos capítulos e Babhravya abreviou para cento e cinquenta capítulos, divididos em sete partes. Vatsyayana pegou neste resumo de resumo para também ele resumir em sete capítulos o texto de Babhravya.
Para os mais incautos, o Kama Sutra é um documento escrito, que não é acompanhado de imagens, datado do século III a.C.. O hinduísmo comporta um equilíbrio entre a sua dimensão espiritual e a sua dimensão física, estabelecendo regras que os seus praticantes devem seguir. O Kama Sutra entra na segunda dimensão desta religião, servindo de guia para a procura, conhecimento e actuação no campo das artes das relações entre homens e mulheres, votando o segundo elemento (como acontece com todas as religiões que foram criadas no período arcaico) a um papel de protagonismo secundário, totalmente submisso.

Kama Sutra contado noutra história

Entretanto, em Varanasi, o curtidor Vikram toma conhecimento de uma novidade literária pela boca do pastor Indra, que lhe vai causar estupefacção e arrebatamento:

Indra: Já haveis comprado o livro de que anda toda a gente a falar?
Vikram: Estais a falar das Cinquenta Sombras de Mahatma? Já, mas ainda não li. Andam as minhas seis esposas a ler.
Indra: Não estou a falar desse. Estava a referir-me a um livro a sério - o Kama Sutra.
Vikram: Nunca ouvi falar. De que trata?
Indra: É o livro que mostra a moksha terrena para todos os homens.
Vikram: Por Vishnu, que dizes tu? Como é que isso é possível?
Indra: Através da união do lingam com a yoni.
Vikram: Sexo? Não me digas que o autor é o Marquês de Phalodi? Da última vez que comprei um livro dele, tentei transpôr em casa o enredo e fugiram-me três esposas.
Indra: Não é nada disso! Esquece tudo o que leste até agora. O Kama Sutra é um manual que te fornece sabedoria na escolha de mulheres; precisamente para evitar que te fujam algumas delas.
Vikram: Por Vishnu, que dizes tu?
Indra: Sabias que elas têm uma de três profundidades?
Vikram: Sabia que tinham profundidade. Quando lhes bato e provoco ferida, observo que têm mais do que pele. Não sabia que havia mais profundidades.
Indra: É uma profundidade que não precisa de agressão necessária; é a profundidade da yoni, que deves medir e escolher para cobrir devidamente o teu lingam.
Vikram: Por Vishnu, que dizes tu? 
Indra: Digo-te que se souberes escolher seguindo os ensinamentos do Sutra, tens a yoni adequada sempre que queiras.
Vikram: Mas isso nunca antes aconteceu! Sempre que quero yoni procuro uma ganika; valem todas as rupias que pedem. Deixa-me ver se percebi: estais a dizer que há esposas que não são como gado e que copulam não só em determinadas épocas do ano?
Indra: Não e sim. Estou a dizer-te que há gado que copula todo o ano - é só saber escolher.
Vikram: Por Vishnu, que dizes tu? E as dores de cabeça que duram meses, desaparecem?
Indra: O Kama Sutra diz que as mulheres versadas nos sessenta e quatro ofícios também têm dores de cabeça, ao que tu deves responder: "Eu também tenho a minha a latejar." E é garantido! Elas tiram as tuas dores de cabeça e as delas pela boca, numa prática como que científica de auparishtaka. É uma espécie de pulsão e basculação do pulso, com um massajar contrário às papilas da língua e...

Vikram não conseguiu processar tanta informação nova e desmaiou, caindo no tanque de tinta magenta, onde ficou submerso. Indra verificou que Vikram estava vivo quando viu o seu lingam aparecer à superfície da tinta.

Kama Sutra a nu (what else)




sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Rei Édipo vai bem com

Sopa 
Sopa de legumes passada pela mãe

Prato principal
Entrecosto assado no forno, com um toque especial de especiarias pela mamã

Sobremesa
Bolo de bolacha caseiro

Bebida
Leite com três colheres de chocolate só como a mãe sabe fazer

Música de acompanhamento



Palavras em Rei Édipo

Palavra que aprendi em Rei Édipo:

Enjeitado: adj. Que foi alvo de rejeição; que foi recusado; rejeitado: pedido enjeitado. Jurídico: Que foi alvo do abandono paterno e/ou materno; diz-se de criança que foi desamparada por seus pais.
s.m. Criança que foi desamparada ou abandonada por seus pais.

Palavra que está presentes em Rei Édipo e que gosto de ver em livros:   

Parricida: s.m. e s.f. Pessoa que mata pai, mãe, ou qualquer outro ascendente legítimo. Adj. Diz-se do que se refere a esse crime: fúria parricida.

Expressões que abichanam um leitor em Rei Édipo

Creonte para Édipo:
"Só se encontra o que se busca; o que nos é indiferente, de nós foge."
p. 19

Édipo para Creonte:
"Tu falas muito bem, mas eu escuto muito mal."
p. 35

Creonte para Édipo:
"Não sei; é meu costume calar-me a respeito do que não sei."
p. 36

Édipo para Jocasta:
"O orgulho gera a tirania; o orgulho, cometidas loucamente mil acções insensatas e más, chega aos cimos mais altos e cai depois no fundo dos destinos donde lhe é impossível escapar-se."
p. 49

Mensageiro para Édipo, ao falar da morte de Políbio:
"Basta um breve momento para adormecer na morte os corpos dos velhos."

Rei Édipo agora a sério

Rei Édipo é um livro de força religiosa e um livro de força para não religiosos. É também um documento que não comporta segredos, onde todos os espaços, mesmo os esconsos, são escrutinados. Perante isto, resta-nos escolher o lado da barricada.
Nesta peça constatamos que o destino é tudo o que as pessoas têm; é incontornável e mesmo um pé que pensamos estar fora dele, revela-se que reside no seu seio. Aqui reside a angústia de Édipo (e a nossa): o sentimento de que não existe a palavra alternativa.
Para o leitor, é neste momento que se dividem as águas: ou aceitamos a noção de fado ou a renegamos. Porque a nossa decisão é densamente simples: predestinação (religiosa ou genética) ou incondicionalismo mental?
Rei Édipo é uma peça hermética, traçada desde a primeira linha, a qual se dirige à última rectilineamente. O que vem depois é o questionamento da nossa ideologia: condicionamos (interna e externamente) a observação que fazemos acerca de nós? Temos um destino traçado ou traçamo-lo nós?

Rei Édipo contado noutra história

Relatório de um psicanalista acerca do paciente E.

"À terceira consulta do paciente E. tive uma sensação de arrebatamento. As suas palavras fecundaram o meu pensamento e, após uma breve estadia nos sanitários para alívio sexual, senti a gestação de uma nova ciência.
»Liguei imediatamente à minha mãe para lhe contar a boa nova, ao que ela respondeu:
»- Vai-te foder!
»Assim fiz e em boa hora, pois as ideias começaram a fluir como um jorro.
»Eis a história do paciente E., a qual passo a citar:
»Doutor, estou em crer que estou finalmente em condições para lhe contar o sonho que tem assolado os meus dias.
»Como já mencionei, os meus pais tinham uma vida sexual extremamente activa e faziam-se ouvir em todas as divisões da casa.
»Cresci com esses sons no meu pensamento, acompanhados por uma espécie de repulsa que me revolve as entranhas, sempre que viajo para esses momentos.
»O meu sonho é do mesmo cariz... Sim, de cariz sexual. Pensava que já havia compreendido. O que sucede é que no sonho sou eu que estou no acto e... sim, no acto sexual! Estava eu a dizer que, enquanto estou no imbuído no coito - está bem assim? - , estou ao mesmo tempo no corredor, como se no imediato fosse o adulto e a criança que ouve os pais. No momento em que penso que estou perante os meus progenitores, levanto o lençol e reparo que sou eu que estou a ter relações sexuais com a minha mãe. E... 
»Aonde vai, senhor doutor? Doutor? Ainda não acabou a nossa hora!"

Rei Édipo a nu


Medeia vai bem com

Sopa 
Sopa da pedra

Prato principal
Mioleira de carneiro com arroz de miúdos

Sobremesa
Migas doces

Bebida
Vinho tinto da pipa

Música de acompanhamento


Palavras em Medeia

Palavras que aprendi em Medeia:

Acerbar: v.t.d. Fazer ficar acerbo; tornar mais forte ou agressivo; exacerbar. Figurado. Provocar angústia; afligir ou amargurar: a injustiça acerba-o diariamente.
Acerar: v.t. Converter ferro em aço, dar a têmpera do aço: o carbono acera o ferro. Fig. Acirrar, exacerbar: as injúrias aceram o ódio.
Alvedrio: s.m. Arbítrio.
Atiladamente: adv. De modo atilado ou de maneira discreta: comportou-se atiladamente.
Assisado: adj. Que tem siso; ajuizado, ponderado. 
Himeneu: s.m. União matrimonial; casamento ou matrimónio. A festa em que se celebra essa união; P.ext. Entre os gregos, a canção que é executada durante o casamento.
Mofinamente: adv. Desgraçadamente. Com mesquinhez.

Palavras que estão presentes em Medeia e que gosto de ver em livros: 

Peçonha: s.f. Secreção ou substância venenosa encontrada em alguns animais: a peçonha está presente em muitas cobras. Figurado. Tendência natural para a maldade.
Tálamo: s.m. Leito conjugal. Botânica. Receptáculo das plantas. Anatomia: Parte do encéfalo situada na base do cérebro. (É centro de transmissão; intervém na sensibilidade superficial e profunda.)

Expressões que abichanam um leitor em Medeia

"AIA - Terríveis são as paixões dos reis; obedecendo pouco, mandando sempre, é-lhes difícil temperar as suas cóleras." p. 18

Medeia agora a sério

Muito se fala da loucura de Medeia para justificar os seus actos, como se tratasse de um julgamento à posteriori em que o advogado de defesa apela à insanidade temporária.
Porque precisamos do argumento da loucura para julgar Medeia?
A razão diz-nos que não há justificação possível para que uma mãe assassine os seus filhos. Porém, não conseguimos deixar de simpatizar com Medeia e isto necessita de explicação. Quando a empatia nos tolda a razão, oferecemos lógica à primeira e, se mesmo assim não a encontrarmos, temos sempre a loucura; nem que seja a do leitor.
Parece-me até que a absolvição de Medeia resulta de uma harmonia de loucuras - a nossa e a dela. Ou melhor, creio que não existe absolvição, até porque Medeia não comete nenhum crime: sabemos que é executado um crime, mas também sabemos quem fornece os ingredientes para a sua consecução (Jasão). Quando o assassinato é efectivado já Medeia não é Medeia - é coisa.
A peça mostra-nos isso mesmo: a transformação de Medeia em coisa; de esposa fiel, desenraizada, confinada a um bibelô démodé que Jasão descarta, por falta de utilidade. É precisamente neste papel objectificado que vai actuar.
Devemos, deste modo, julgar objectos? Conseguimos condenar um almofariz que viu serem esmagadas cabeças de alho?
Só se estivermos loucos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Medeia contada noutra história

 

MÃE CONFESSA CRIME

 Melinda Dulcineia confessa a autoria do assassinato dos seus dois filhos

 

Confirmou-se a pior e mais surpreendente das hipóteses: as duas crianças encontradas numa casa de banho pública de Valongo foram degoladas pela mãe. Ao fim de duas semanas de investigação intensa por parte da Polícia Judiciária (PJ), chega ao fim este caso único em Portugal.
A investigação parecia ter entrado num impasse nos últimos três dias, devido à falta de pistas e provas concretas. Na madrugada passada, Melinda Dulcineia (MEDEIA), mãe das vítimas, entregou-se no comando distrital da PJ, onde confessou a autoria dos crimes.
Trata-se de uma hipótese que o comandante regional da PJ, José Sófocles, havia afastado há cerca de uma semana, em comunicado, onde dizia que "neste momento, todas as pistas nos afastam da hipótese de se tratar de um crime familiar, estando os investigadores concentrados na hipótese de se poder tratar de assassinatos ligados ao tráfego internacional de pedaços de crianças". Visto ter-se verificado o oposto, o comandante nacional da PJ, Túlio Homero, já falou aos órgãos de comunicação social, em conferência de imprensa, dizendo que se iria apurar responsabilidades internas do porquê de se ter afastado um suspeito, quase de imediato, que se veio a relevar ser o perpetrador dos crimes. 
Se a questão da PJ vai ter, seguramente, novos episódios, já o thriller de Valongo chega ao fim. O Farol de Lubumbashi (FdL) ainda não conseguiu apurar o teor da confissão de MEDEIA, mas conseguiu uma entrevista com o pai das vítimas, Jasão, que passamos a transcrever de seguida:

FdL: Como era a vossa relação?
Jasão: Há muito tempo que não era. Separámo-nos três semanas antes do [pausa para soluços], antes do [mais uma pausa para soluços, esta com cerca de seis segundos a mais do que a anterior], antes do... do que aconteceu.
FdL: E como é que Melinda Dulcineia aceitou a vossa separação?
Jasão: Nada bem! Nada bem, mesmo!
FdL: Tinham muitas desavenças, enquanto casal?
Jasão: Muito pelo contrário. Dávamo-nos muito bem.
FdL: O que aconteceu? O que mudou?
Jasão: Mudei-me eu. Conheci outra gaja, que era mais rica do que a Medy, e fui viver com ela.
FdL: E como é que lhe disse isso?
Jasão: Disse-lhe uma semana antes do [pausa para soluços, mais ou menos entre os três e os quatro segundos e meio], do...
FdL: Mas não me disse que estavam separados há três semanas antes dos terríveis acontecimentos?
Jasão: Disse-lhe a si! À Medy só disse quando já estava a viver com a outra. Aliás, se calhar, nem fui eu que lhe disse. Acho que foi o nosso vizinho, que vi uma vez no mercado...
FdL: ...e não lhe parece normal que ela tivesse ficado perturbada? Afinal, segundo apurámos, ela veio de longe só para viver consigo!
Jasão: É verdade! Tudo isso é verdade! Agora, acho que a reacção é intempestiva. Matou-me o puto!
FdL: Os...! Foram os dois!
Jasão: Tecnicamente, foram dois, tem razão. Agora, eu só gostava de um. Ela podia ter mandado a garota para o galheiro e estava tudo bem. Quites! Agora, o meu puto...!  

Medeia a nu


Antígona vai bem com

Sopa
Creme de legumes

Prato principal
Souflé de brócolos

Sobremesa
Baba de camelo com chantilly, fio de ovos, recheio de trufas de chocolate e duas bolas de gelado.

Bebida
Absinto

Música de acompanhamento


Palavras em Antígona

Palavras que aprendi com a Antígona:

Báquica: adj. Relativo a Baco; Festa báquica, festa dissoluta, orgia. Canção báquica, canção para animar a beber. Cena báquica, diz-se dos quadros que representam cenas de bebedores. Poesia báquica, versos em louvor do vinho.
Blandícias: s.f. Carícia, afago, meiguice.
Enristando: Pôr (a lança) em riste. Investir.
Hiantes: adj. Que mostra uma grande abertura; fendido. Poética: Que tem a boca aberta; que está cheio de apetite.

Pélago: s.m. Mar profundo, longe das costas. Abismo. Fig. Imensidade; profundidade.
Tálamo: s.m. Leito conjugal.
Tripudiar: Dançar, batendo com os pés; sapatear. Fig. Exultar após uma vitória, desdenhando o derrotado: os campeões tripudiaram sobre os perdedores.
Votivas: adj. Que de pode referir ao voto. Que se oferece em cumprimento de voto.

Palavras que estão presentes na Antígona e que gosto de ver em livros: 

Fauces: s.f. Botânica. A extremidade do tubo ou espaço imediato aos lábios da corola, que às vezes se distingue bem pouco do tubo. Zoologia. A abertura da concha univalve, e a superfície superior dela. A goela de um animal.
Ululante: adj. Que ulula, que uiva. Lamentoso.
Vileza: s.f. Particularidade da pessoa ou daquilo que é vil; que tende a ser vilão; vilanagem ou vilania. Modo de agir ou ação vil; que é degradante; indigno.

Expressões que abichanam um leitor na Antígona

O guarda para Creonte:
"Porque eu venho agarrado a esta esperança, de que nada mais sofrerei senão o que estiver destinado."
vv. 235-236

"Creonte: Não sabes como ainda agora as tuas palavras me incomodam?
»Guarda: São os teus ouvidos ou a tua alma que elas afetam?
»Creonte: Para que queres definir bem donde vem o meu aborrecimento?
»Guarda: O feito aflige-te o espírito, os ouvidos sou eu que os perturbo."
vv. 316-319

Hémon para Creonte:
"Porque quem julga que é o único que pensa bem, ou que tem uma língua ou um espírito como mais ninguém, esse, quando posto nu, vê-se que é oco."
vv. 706-708

"Creonte: É portanto a outro, e não a mim, que compete governar este país?
»Hémon: Não há Estado algum que seja pertença de um só homem.
»Creonte: Acaso não se deve entender que o Estado é de quem manda?
»Hémon: Mandarias muito bem sozinho numa terra que fosse deserta."
vv. 736-739

Tirésias para Creonte:
"Errar é comum a todos os homens. Mas quando errou, não é imprudente nem desgraçado aquele que, depois de ter caído no mal, lhe dá remédio e não permance obstinado. A teimosia merece o nome de estupidez."
vv. 1024-1028

Antígona agora a sério


Antígona relata a história de um conjnto de cegueiras.
Para o leitor, o inverso: nas trevas das personagens vislumbramos as suas luzes.
Antígona não vê as leis dos homens. Pelo menos, não as vê acima dos sentimentos familiares e, sobretudo, acima das leis dos deuses.
Isménia, sua irmã, não vê em si as consequências dos actos de Antígona. Esconde-se sob o manto da sobrevivência e da ordem.
Creonte, rei de Tebas, vê no seu poder a fonte de toda a luz. Não vê, porém, que ela incide sobre os seus olhos.
Hémon, filho de Creonte, não vê justiça nos actos do seu pai.
Eurídice, mulher de Creonte, não quer ver o que já sabe, e escolhe a escuridão.
Tirésias não vê o presente mas coloca o olhar no futuro.
Esta tragédia sobre a cegueira é um manual de luz sobre os laços familiares, a política, o poder e a justiça.

Antígona contada noutra história

A acção passa-se ao redor de uma mesa, à hora da refeição. Os protagonistas são três: Jorge Rafael (JR), o petiz que tem a mania que é rei; Emídio Joel (EJ), o pai desgraçado; um prato de sopa (PdS).

EJ: Anda, Joquinha! Come tudo para ficares grande e forte. 
JR: Pffff! Gosto de ser pequenino!
EJ: Vá lá! Olha que há pessoas a morrer à fome em África.
JR: Quero lá saber!
EJ: Fazemos assim: só mais três. Combinado?
JR: Não quero! Nem mais uma!
PdS (a pensar): Está a ficar frescote.
EJ: Se comeres a sopa, dou-te dois chocolates.
JR (a arregalar os olhos): Combinado! Dá cá a colher, que eu como sozinho.
EJ: Já não é preciso. Podes sair da mesa.
JR (confuso): Como assim? E a sopa?
EJ: Nem sopa, nem chocolates. Entretanto, morreram meninos da tua idade em África. E, sim, foi por tua culpa.

Antígona a nu