O Farol de Lubumbashi

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Rei Édipo agora a sério

Rei Édipo é um livro de força religiosa e um livro de força para não religiosos. É também um documento que não comporta segredos, onde todos os espaços, mesmo os esconsos, são escrutinados. Perante isto, resta-nos escolher o lado da barricada.
Nesta peça constatamos que o destino é tudo o que as pessoas têm; é incontornável e mesmo um pé que pensamos estar fora dele, revela-se que reside no seu seio. Aqui reside a angústia de Édipo (e a nossa): o sentimento de que não existe a palavra alternativa.
Para o leitor, é neste momento que se dividem as águas: ou aceitamos a noção de fado ou a renegamos. Porque a nossa decisão é densamente simples: predestinação (religiosa ou genética) ou incondicionalismo mental?
Rei Édipo é uma peça hermética, traçada desde a primeira linha, a qual se dirige à última rectilineamente. O que vem depois é o questionamento da nossa ideologia: condicionamos (interna e externamente) a observação que fazemos acerca de nós? Temos um destino traçado ou traçamo-lo nós?

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