O Farol de Lubumbashi

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Arte de amar vai bem com

Sopa
Do que quiseres, baby!

Prato principal
Pode ser vegetariano, baby! Hoje escolhes tu.


Sobremesa
Se quiseres tenho um docinho em casa para ti, baby.

Bebida
Vinho rosé

Música de acompanhamento

Palavras em Arte de amar

Palavras que aprendi em Arte de amar:

Aduncar: Tornar(-se) adunco, ou recurvado, em forma de gancho.
Facúndia: s.f. Tendência para discursar; que discursa em público; que tem facilidade para falar em público; que demonstra eloquência; facundidade.
Fero: adj. Feroz, selvagem, rústico, bravio. Cruel, desumano, intratável. Violento, forte, impetuoso: o fero vento. Áspero, duro: a fera tuba. Carregado, torvo, severo: fero cenho. Sadio, rijo, vigoroso, férreo: fera compleição.
Férula: s.f. Botânica. Planta das regiões mediterrâneas, das quais uma espécie, originária do Irã, fornecia a assa-fétida, enquanto outras forneciam o galbano. Palmatória.
Relha: s.f. Parte do arado que abre o sulco na terra. Peça de ferro que reforça externamente as rodas dos carros de bois.

Expressões que abichanam um leitor na Arte de Amar

Um dia no anfiteatro: espaço aprazível para conhecer mulheres e gajas:
"Se gostas de caçar,
é sobretudo nos anfiteatros
que a caça é abundante.
Oferecem-te os teatros
muito mais do que possas desejar.
Aí encontrarás
desde o divertimento inconsequente
à mulher a quem amas realmente,
desde a amada que desejas conservar
àquela a quem apalpas fugazmente."
p. 21

'Gold diggers' em Roma antiga:
"Sempre que a tua amiga fizer anos
observa o culto do seu aniversário.
Que esse importante dia
em que dar-lhe uma prenda é necessário,
seja um dia funesto para ti.
Por mais que te defendas,
um presente qualquer há-de arrancar-te:
de se apossar da riqueza do amante
inventou a mulher a consumada arte."

pp. 41-42


Um homem quer-se embrutecido:

"Oh! Não frises com ferro os teus cabelos
com a pedra pomes as pernas não depiles.
Esses cuidados deixa àqueles que com vivos
à moda frígia a Cibele rendem culto.
Convém aos homens a beleza descuidada."
p. 47 

O que deves beber para ela não se aproveitar de ti:
"Vou agora indicar-te
a exacta medida que bebendo
deves observar.
Possam a mente e os pés
suas funções desempenhar;
o vinho, os combatentes estimula
e as mãos prepara para brigas cruéis."
p. 52


Opinião de nicho acerca do acto que se descreve de seguida:
"A mulher violada por um rapto insolente
torna a violação como um doce presente."
p. 57


O cérebro feminino aos olhos de um troglodita:
"Reconheço que existem mulheres cultas
mas são tão pouco numerosas...
As outras da cultura que não têm
a arte têm de a representar."
p. 84

Arte de amar agora a sério

Quando um livro que pretende fomentar os relacionamentos entre homens e mulheres não é um livro de diálogo.
Trata-se sim de um tratado sociológico idealista, em que as pessoas devem asumir e ler comportamentos, de modo a discernir vontades e predisposições.
Não se trata de um livro que fale de individualismos mas de colectivos. Não trata o que: acontece mas o que deve acontecer; se diz mas o que se deve dizer; se faz mas o que se deve fazer.
Assim sendo funciona como um molde, mais do que observação da realidade; como o império espera que os géneros se comportem.

Arte de amar contada noutra história

Dilemas de Ovídio na escolha do título do livro - as outras hipóteses:

- A arte de comer gajas - um acto plural
- Como escolher o melhor naco de carne no talho
- Saiba como escolher o melhor depositório de sémen
- Manual de gado bovino
- Como comer à fartazana sem engordar
- Gajas: esse animal domesticável

Arte de amar a nu


Eneida vai bem com

Sopa
Sopa do mar

Prato principal
Costeletas de boi em cebolada

Sobremesa
Toranja

Bebida
Vinho corrente

Música de acompanhamento

Palavras em Eneida

Palavra que aprendi em Eneida:

Arrostar: v.t. Encarar sem medo; fazer face a; enfrentar: arrostou todos os perigos; arrostar necessidades. Afrontar. 
Ebúrneo: adj. De marfim; alvo e liso como o marfim.

Louçania: s.f. Qualidade de loução. Atavio, ornato. Garbo, gentileza, porte elegante.
Manes: s.m.pl. Entre os romanos, almas dos mortos, consideradas como divindades. Divindades infernais que os romanos invocavam sobre os túmulos.
Númen: poder celeste; inspiração; génio.
Penates: deuses protectores do lar.
Plectro: s.m. Instrumento que servia para fazer vibrar as cordas da lira. Fig. A poesia, o génio poético.
Vate: s.m. Indivíduo que faz vaticínios; profeta, adivinho.

Palavras que estão presentes em Eneida e que gosto de ver em livros:
   
Arcanos: segredo profundo; mistério; enigma.
Borrasca: s.f. Temporal com ventania violenta e de pouca duração. Fig. Ocorrência súbita de contrariedades e desgostos. Acesso de mau humor e cólera violenta mas passageira.
Insigne: adj.m. e adj.f. Que consegue ser notado por seu trabalho, realizações e/ou obras; famoso ou ilustre.

Expressões que abichanam um leitor em Eneida

Júpiter para Vénus:
"Mas visto que tens tantos cuidados, vou mostrar-te, vindo muito detrás, os arcanos do futuro."
p. 23

"Quando iam no meio do mar, quando da redonda terra se viam apenas o céu e mar, parou por cima da cabeça de Eneias uma enorme nuvem, prenhe de trevas e de borrasca."
p. 105

Sobre o funeral do troiano Miseno:
"Tudo ardeu num momento: os montes de encenso, as entranhas das vítimas, as taças de azeite entornando sobre elas. Logo que ficou tudo reduzido a cinzas e se apagaram as chamas, tiraram os ossos e depois de limpar com vinho aquelas relíquias ainda quentes, encerraram-nas numa urna de bronze."
p. 133

Eneida agora a sério

"Mas visto que tens tantos cuidados, vou mostrar-te, vindo muito detrás, os arcanos do futuro."

Se Luís de Camões dedicou os seus Lusíadas a D. Sebastião, de modo a que o olhar do passado glorioso de Portugal legitimisse e inspirasse a continuidade da grandeza no presente e futuro, o mesmo havia feito Virgílio com Augusto ao dedicar-lhe a sua Eneida.
A história da fundação mitológica de Roma como herdeira da desaparecida Tróia às mãos do piedoso Eneias comporta, para além da tradição literária dos poemas homéricos, uma legitimação política do imperador Augusto e do império romano. As palavras de Júpiter para Vénus, em epígrafe, dizem-nos isso mesmo: vamos desenterrar as raízes profundas do passado, dando um fundo mitológico e legitimador às conquistas do presente e à perseverança do império no futuro. 

Eneida contada noutra história

- Pscht, Augusto. Chega aqui.
- Quem, eu?
- Sim, Augusto, tu. Chega aqui.
- Mas eu não me chamo Augusto.
- Não te chamas Augusto, agora! É claro que sim! Traz-me uma bifana.
- Ó homem, você não deve estar nada bem.
- Estou mais que bem. Agora, neste preciso momento, vejo tudo e mais alguma coisa. Entretanto, deu-me a larica. Traz lá uma bifaninha; e um príncipe.
- Ó homem, já viu onde está? Já olhou à sua volta? Acha que num departamento das finanças vendemos bifanas?
- Se não têm, deviam ter! Sabes tu, porventura, o que era isto antes de ser as finanças?
- Deixe-me adivinhar: uma casa de bifanas.
- Nem por sombras. Não era, de forma nenhuma, "uma" casa de bifanas - era "a" casa das bifanas; onde tudo começou - chamava-se Roma, a bifana germinal.
- Como já reparou e eu lhe confirmei, aqui, agora, neste momento, isto é "uma" repartição das finanças.
- Queres com isso dizer que não honram a história do local?
- "Honram a hist"... como assim?
- Se não guardam nas arrecadações bifanas de antanho?
- Claro que não! Mesmo se o fizéssemos, deviam estar muito boas, deixe estar...
- Pois, boas ou não, seriam sempre originais; as legítimas representantes de todas as bifanas do mundo, as líderes incontestadas das bifanas...
- Segurança!

Eneida a nu