O Farol de Lubumbashi

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Metamorfose contada noutra história

Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Pedro C. viu-se na sua cama, metamorfoseado num monstruoso humano. Estava deitado de costas, umas costas tão duras como havia sido a sua cabeça até à noite anterior, e, ao levantar um pouco a sua cabeça, viu pessoas: não estavam diante dele, mas no seu pensamento. Aonde estariam os números, a sua obsessão pública? Tentou picar, esfregar e lavar os olhos, mas as pessoas não o abandonavam. Pior: sentia compaixão por elas; não sabia como, mas sentia-as sofrer e sabia que queria actuar para as salvar.
O que diria a sua família? As pessoas que o abraçaram e que contavam com os seus números, como lhes iria dizer que tinha urgência ajudar estranhos? Será que reparariam que se havia tornado num humano? Teria que romper com a família: com a mãe Ângela, com o pai Dias e com o irmão Paulo. Mas como? Entretanto, esperaria no quarto. Tomaria o pequeno-almoço aí e faltaria ao trabalho. Talvez amanhã isto passasse.

Sem comentários:

Enviar um comentário